O presidente da Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (FEHOESP), Yussif Ali Mere Jr., declarou nessa sexta-feira, 10, que os hospitais da rede particular do Estado ainda podem criar leitos de UTI para o SUS e comparou o cenário atual de casos de Covid-19 em Ribeirão Preto à situação experimentada por Manaus, cidade que vivenciou um dos piores cenários durante a pandemia.
Mere alertou que a situação a que Ribeirão Preto apresenta hoje não era esperada, mas que a cidade poderia ter negociado novos leitos com a rede privada. "Há cerca de dois meses, o HC de Ribeirão Preto tinha ocupação de 50% dos leitos disponíveis para a Covid-19; ninguém esperava que chegasse rapidamente a 100% como aconteceu, mesmo assim, o que precisaria ter feito é criar leitos de UTI", disse.
O médico comenta que ainda há possibilidade de disponibilização de leitos da rede particular para o SUS. "Os hospitais estão lotados, mas existe a possibilidade de diálogo. Isso está colocado para o governo estadual. Nos colocamos à disposição, mas não avançou a ideia de se criar esses leitos. Muitas prefeituras pequenas no Estado de São Paulo se adiantaram a isso e compraram leitos dos hospitais privados. Ribeirão não fez isso, mas a situação atual exige mais leitos", explica Mere.
Leitos
Segundo dados divulgados pelo Governo do Estado de São Paulo e compartilhados pela Prefeitura, em 10 de julho, a cidade registrou uma ocupação de 99,4% nos leitos de Centro de Terapia Intensiva (CTI). Dos 175 leitos exclusivos para Covid-19, 174 estão ocupados. Os dados foram atualizados às 12h38 do dia 10.
Já a plataforma LeitosCovid.org, aponta que a ocupação dos leitos de CTI no município é de 87,1% e nos leitos de enfermaria é de 78,2%. O site indica ainda que, no momento, são 179 leitos de CTI exclusivos para Covid-19, com 156 ocupados. E 216 de enfermaria, com 169 ocupados. A plataforma alega que os dados foram atualizados às 17h07.
A diferença entre os dados do governo e os dados da plataforma, que recebe as atualizações direto dos hospitais, foi abordada em matéria publicada pelo Portal Revide.
Segundo o prefeito Duarte Nogueira (PSDB), a cidade deverá receber mais 21 leitos, sendo 15 no Hospital Ribeirânia, que é particular, e seis no Hospital Santa Lydia, municipal.
Pior do Estado
A região de Ribeirão Preto vai seguir na fase mais restritiva do plano de retomada econômica, segundo anunciou o Governo do Estado de São Paulo. O motivo principal é a taxa de ocupação de leitos.
A DRS XIII segue sem poder abrir o comércio e a prestação de serviços que não são considerados essenciais. A manutenção da restrição acontece por conta dos índices preocupantes relacionados à Covid-19 na região, como alta de casos, óbitos e ocupação de leitos.
Desde o início do Plano São Paulo, um dos melhores indicadores da região de Ribeirão Preto era a taxa de ocupação de leitos. Contudo, com o avanço da doença, a ocupação de leitos na região se tornou a pior de todo estado, com 88%. O segundo lugar ficou com Franca, com 85% de ocupação.
Fonte: Revide