A cidade de São Paulo passou a contar com mais um equipamento promotor de amamentação natural: o Banco de Leite Humano da Santa Casa de São Paulo. A Instituição inaugurou o serviço no dia 15 de janeiro, no Hospital Central da Santa Casa localizado no bairro da Santa Cecília.
Todo recém-nascido e lactente deve receber aleitamento materno, inclusive quando internados, se a doença que o acomete permitir, sendo esse alimento imprescindível para o desenvolvimento saudável da criança.
Em hospitais de referência em gestação de alto risco, como a Santa Casa de São Paulo, a oferta de leite materno é inferior às necessidades. Há questões técnicas que limitam a estocagem de leite ordenhado, e é comum os prematuros não poderem ser levados ao peito.
Com o Banco de Leite Humano há possibilidade de estocar o leite ordenhado em condições favoráveis e controladas por muito mais tempo. Assim, o leite que seria desprezado após 12 horas, pode ser estocado por até 30 dias. Outra vantagem, é que após o processamento de leite doado e pasteurização adequada, uma mãe pode doar o leite que produz em excesso para outra criança.
Esse leite estocado pode ainda ser analisado na sua composição e ser escolhido um com perfil mais adequado à necessidade de cada recém-nascido. "Se eu tiver um prematuro pesando 700 gramas, eu preciso dar mais caloria, mais proteína para ele crescer mais rápido com um desenvolvimento maior. Eu tenho a possibilidade com o banco de escolher um leite que possui mais proteína para esse prematuro", explicou Mauricio Magalhães, chefe do Serviço de Neonatologia da Santa Casa.
Além da Santa Casa, que registra em média 250 partos mensais, o Banco de Leite Humano abastecerá as maternidades do Hospital Municipal São Luiz Gonzaga e Hospital Estadual de Francisco Morato. Cerca de 1 mil recém-nascidos e lactentes podem ser beneficiados com o banco de leite durante o ano, que tem capacidade projetada para processar 60 litros de leite por mês.
"Toda criança precisa de leite materno. Quando ela vai usar o banco de leite? Em situações em que ela precisa ficar internada e não pode ser levada ao peito, ou a produção de leite materno é pequena, ou quando há a necessidade de fazer a reabilitação progressiva dessa criança e precisa do leite controlado. Você tem diversas situações em que o leite materno é administrado", complementou Rogério Pecchini, diretor do Departamento de Pediatria da Santa Casa de São Paulo.
O novo serviço contará ainda com uma equipe técnica formada por médico, nutricionista, técnico de nutrição, enfermeira, auxiliar de enfermagem e auxiliar administrativo.
+Sobre o leite materno
De acordo com a United Nations Children's Fund (Unicef), cerca de um 1,5 milhão de crianças morrem por ano devido à falta de aleitamento materno.
Por isso, a amamentação deve ser mantida exclusivamente durante os primeiros 6 meses de vida e conciliada com outros alimentos até os 2 anos. Na falta da amamentação tradicional, resultante de fatores que impossibilitam o aleitamento natural, os bebês internados recebem o leite industrializado.
No entanto, o leite materno é visto como a melhor e mais saudável opção para o bebê, pois contêm todas as proteínas, açúcar, gordura, vitaminas e água que a criança precisa, além de anticorpos que protegem os pequenos contra doenças e infecções. A extração do leite também reflete positivamente para a mãe, como a diminuição do risco de mastite, provocada pelo excesso de leite no peito.
Benefícios do leite materno:
• Diminuição do tempo de internação do recém-nascido;
• Queda da ocorrência de doenças nos bebês como alergias, pneumonias e otites;
• Melhora o desenvolvimento mental da criança;
• Aumenta o índice de desenvolvimento comportamental e psicomotor.