Médico alerta para possível aumento de sarampo e DSTs durante a Copa

Estrangeiros podem carregar vírus e bactérias comuns em suas regiões

Compartilhar artigo

O Brasil sediará um dos maiores eventos esportivos mundiais este ano, a Copa do Mundo.  Isso significa que milhares de estrangeiros chegarão ao país e trarão, com eles, vírus e bactérias comuns em suas regiões. Além disso, o evento também vai aumentar a movimentação dos próprios brasileiros de um Estado para outro. Para piorar, no inverno as pessoas tendem a fechar mais as janelas, facilitando a proliferação de micro-organismos.
 
O infectologista Jessé Reis Alves, responsável pelo Check-up do Viajante do Fleury Medicina e Saúde, ressalta que vamos importar e exportar doenças infecciosas. "Não falo apenas dos estrangeiros que chegarão, mas dos brasileiros que irão se locomover para acompanhar os jogos. O turista de fora vem alertado, já o brasileiro,muitas vezes, se esquece que em algumas áreas do país existe risco de febre amarela e malária, por exemplo".
 
Quando pensamos em eventos de massa como a Copa do Mundo, pensamos também num possível potencial de disseminação de doenças. Não quero difundir o pânico, mas alertar para esse problema", afirma o infectologista. 
 
Para evitar problemas, o médico recomenda alguns cuidados, desde ficar atento ao local onde se vai comer até estar em dia com as vacinas para casos de surtos que podem vir de outros Estados e de outros países. Além disso, como o período é propício para se contrair gripe e resfriado, é importante lavar as mãos com mais frequência. 
 
As recomendações são para todos, mas especialmente para o público que terá um contato mais direto com os turistas, como motoristas de táxis, funcionários de hotéis, restaurantes e pousadas, além de pessoas que trabalharão nos estádios e na organização do evento, por exemplo.
 
O infectologista dá o exemplo de torcedores que irão assistir aos jogos em Manaus e aproveitar para conhecer a floresta. Além de usar repelentes,é preciso vacinar-se até dez dias antes da viagem. Vale ressaltar que gestantes, bebês com menos de seis meses e pacientes com doenças que diminuem a imunidade não podem receber a vacina. O mapa com as localidades para as quais a vacina contra febre amarela é recomendada pode ser encontrado no site do Ministério da Saúde. 
 
Hepatite e sarampo
 
A hepatite A, transmitida por água e alimentos contaminados, é frequente entre turistas em certas regiões do país. Outra doença que chama a atenção é o sarampo – nas últimas edições do evento (na África do Sul, em 2010, e na Alemanha, em 2006) registrou-se aumento no número de casos da doença. Isso significa que após a Copa que será realizada no Brasil pode ocorrer também. E a doença tende a ser mais grave no adulto.
 
Recentemente, foram divulgados dez casos de sarampo em Fortaleza. Quase sempre, estão relacionados a pessoas que viajaram para outros países. O vírus do sarampo do genótipo D8 é um tipo viral que está circulando em países como Inglaterra, Estados Unidos, Canadá e China, onde há uma elevada incidência da doença.
 
"O sarampo está bem controlado no Brasil, mas na Europa continua sendo um problema sério.  A vacina é dada geralmente aos nove meses de idade e a segunda dose aos 15, porém, muitos só tomam a primeira. Por isso, prevenir-se é fundamental", ressalta Alves.
 
Ele lembra que, de acordo com as recomendações da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, todo adulto nascido após 1960 deve ter a vacina atualizada, caso não haja registro prévio dessa vacina em suas carteirinhas ou, o que é mais frequente, caso a pessoa não tenha mais nenhuma carteirinha vacinal. 
 
A vacina está disponível no serviço público. Quem tomar pela primeira vez pode ter um quadro parecido com aquele que algumas pessoas apresentam após a vacina da gripe: quadro febril, mal-estar, mas algo bem leve. "É uma vacina que recomendo que as pessoas tomem independente da Copa", aconselha.
 
DSTs
 
Não há como negar que o evento também vai estimular o turismo sexual. O infectologista adverte que, na página do Ministério do Turismo, há uma pesquisa da FGV (Fundação Getúlio Vargas) com 4.000 torcedores que aponta este perfil: maioria de público masculino,  na faixa etária entre 25 e 50 anos e que viaja sozinho.
 
"A exposição sexual é maior e é algo que tem de ser pensado. No caso da hepatite B, há vacinas, inclusive gratuitas. Para as demais doenças, o ideal é mesmo o uso de preservativo", aconselha.
 
Desconhecida no Brasil
 
Um arbovírus, do gênero Alphavirus (Togaviridae), é transmitido aos seres humanos pelos mosquitos do gênero Aedes, os mesmos da dengue, causando uma doença batizada de Chikungunya. O nome refere-se a "aqueles que se dobram", em swahili, um dos idiomas da Tanzânia, região onde os primeiros casos surgiram.
 
Com sintomas semelhantes aos da dengue, a Chikungunya manifesta-se com uma fase febril aguda que dura apenas dois a cinco dias, seguida de uma doença prolongada que afeta as articulações das extremidades. Uma parte dos infectados pode desenvolver a forma crônica, com a permanência dos sintomas, que podem durar entre seis meses e um ano.
 
"Este vírus está bastante presente na Ásia e apareceu com força no Caribe. Já tivemos casos no Brasil, pessoas que viajaram e voltaram com a doença. Corremos riscos de importar a Chikungunya se recebermos pessoas infectadas. Ela lembra a dengue, mas é uma doença mais arrastada e debilitante. Por se parecerem muito, isso preocupa, pois os profissionais da saúde podem confundir as duas", alerta o infectologista.

Artigos Relacionados...

Últimas Notícias

O silêncio dos partidos sobre a saúde

Propostas contidas nos programas de governo, em sua maioria, são genéricas e, com frequência, inexequíveis As mazelas do sistema de saúde costumam figurar entre as

Curta nossa página

Mais recentes

Receba conteúdo exclusivo

Assine nossa newsletter

Prometemos nunca enviar spam.

plugins premium WordPress
Rolar para cima