Uma das maneiras mais bem-sucedidas de enfrentamento do coronavírus mundo afora são os testes feitos nas populaçções para entender a dimensão da epidemia e o comportamento do vírus no organismo. Por isso, instituições como Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL), Associação Brasileira de de Medicina Diagnóstica (Abramed), Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC) e Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML) criaram o "Programa de Avaliação de Kits de Diagnósticos para SARS-COV-2", uma plataforma para avaliar e validar os testes, apontar problemas quando ocorrerem e encontrar os pontos fortes de cada teste.
O trabalho pode ser conferido no site www.testecovid19.org e conta com apoio técnico dos laboratórios Fleury, Emílio Ribas Ceará, Hermes Pardini, Dasa e Einstein, e tem apoio da FEHOESP, SINDHOSP e IEPAS.
Vários kits estão disponíveis no mercado com aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Os mais de 70 tipos foram colocados à disposição do público em caráter de urgência devido à gravidade da pandemia, mas ainda não há comprovação científica de que são eficazes como esperado. De acordo com Carlos Eduardo Gouvêa, presidente da CBDL, o projeto está dividido em três partes: avaliação, informação e treinamento. "O projeto visa principalmente dar uma referência aos mercados público e privado sobre a performance dos kits disponíveis e registrados junto à Anvisa", explica ele.
As empresas serão convidadas a enviar amostras de seus testes para as entidades analisarem os kits levando em consideração o comportamento do vírus no organismo humano. Nessa etapa, entra o trabalho dos laboratórios, que têm amostras de colhidas de pacientes em hospitais em diferentes dias de infecção, daí podem analisar a evolução do vírus e outros aspectos. "Os testes voltados indicados para a fase inicial são aqueles feitos por meio de biologia molecular (PCR). Com 8 ou 9 dias de contágio e desenvolvimento de anticorpos no paciente são feitos os testes sorológicos com amostra de sangue", explica Gouveia. A iniciativa pretende disponibilizar testes tanto para uso hospitalar quando para testes em massa com o uso de diferentes tecnologias, como testes rápidos imunocromatográficos, POCT (Point of Care), ELISA, fluorimetria e PCR-RT.
Os dados gerados nas avaliações do programa serão usados para um estudo internacional do International Diagnostic Centre (IDC) da London School of Hygiene & Tropical Medicine (LSHTM) e Aliança Latinoamericana para o Desenvolvimento do Diagnóstico in Vitro (ALADDIV), em cooperação com a União Europeia e Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a importância da “preparedness”, ou seja, em estarmos preparados para lidar com pandemias, seja do ponto de vista regulatório ou de acesso, entre outros.