De 1980 para cá, o brasileiro passou a viver, em média, 11 anos a mais: na última década, ganhou três anos e 10 dias; só entre 2009 e 2010, dado divulgado pelo IBGE na última semana aponta que a expectativa de vida no país teve acréscimo de três meses e 22 dias, atingindo 73,48 anos. No Distrito Federal, a longevidade chega a 76 anos. É sinal inequívoco de que as condições de sobrevivência melhoram. Mas também um alerta de que o desafio se torna maior e é preciso avançar mais e mais rapidamente. Até porque a taxa de fecundidade, ao contrário, está em declínio, tendo passado de 2,38 filhos por mulher em 2000 para 1,86 em 2010.
A equação é clara: a população brasileira envelhece. E isso ocorre num cenário em que o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país ainda é apenas o 84º num ranking elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) entre 187 nações. Numa escala que vai de zero a um, nosso IDH este ano é de 0,718. Além da expectativa de vida, o índice considera os anos de escolaridade e a renda per capita, setores em que o Brasil também tem alcançado melhores resultados – embora seja imprescindível ressalvar que, na educação, ampliamos o acesso sem garantirmos a correspondente evolução na qualidade.
Há que considerar, sobretudo, que o envelhecimento da população se dá numa conjuntura em que a desigualdade ainda é um drama longe de ser resolvido no país. Basta ver que, em Alagoas, a esperança de vida ao nascer é de 68 anos, pouco superior ao índice nacional de 1991. Mais: no geral, as mulheres vivem, em média, 77,3 anos; os homens, 69,7. A disparidade entre os gêneros é creditada às mortes violentas, como assassinatos e acidentes, cujas vítimas, quando jovens e adultos, são homens em mais de 90% dos casos. Pior é a vida dos mais de 5 milhões de cidadãos que nem sequer contam com esgoto e água encanada.
A boa notícia do IBGE também é cercada de preocupações com o futuro da Previdência Social. Mas o Brasil está em momento favorável na economia. Deve aproveitá-lo para aprofundar as correções de rumo e não perder o bonde da história. Se já consegue garantir sobrevida maior à população, que também assegure a ela qualidade de vida digna. Essa é a função do Estado, para a qual o cidadão deve contribuir. Primeiro, cuidando melhor da saúde. Caminhadas diárias e alimentação balanceada são dicas simples capazes de mantê-lo na ativa por mais tempo. Segundo, preparando-se desde cedo para a terceira idade, que passa a reservar a ele tempo suficiente para planos de mais longo prazo.
Fonte: Correio Braziliense