Especialistas do Reino Unido e Chile falam de suas experiências de sucesso
Amparados pelas experiências adquiridas em seus respectivos países, e cientes de que tais exemplos podem ser muito úteis ao Brasil, dois especialistas da área da saúde mundial participam do módulo de Sistema de Saúde Público-Privado, que acontece no dia 25 de maio, dentro do 16ª Congresso Latino-Americano de Serviços de Saúde. Do Chile virá seu ex-ministro da Saúde, Pedro García Aspillaga, e do Reino Unido, a diretora do Programa Internacional do Instituto de Saúde e Excelência Clínica do Reino Unido (NICE), Kalipso Chalkidou.
Chalkidou possui grande experiência nos processos que definem as prioridades em saúde amparadas por avaliações econômicas. A partir de sua experiência com o NICE, instituição voltada para o sistema de saúde do Reino Unido, a especialista apresentará exemplos de como instituições independentes podem ajudar na tarefa de realinhar prioridades de saúde, gerando bons resultados em custos e efetividade. “Estabelecer prioridades é uma tarefa difícil, exige reunir provas e valores e fazer julgamentos sobre o que pode e deve ser feito dentro do sistema de saúde”, explica Kalipso.
Para ela, definir prioridades é imprescindível, inclusive, no caso brasileiro. “O Brasil tem capacidade técnica forte no setor universitário, na avaliação de provas clínicas e econômicas, tem um sistema relativamente unificado de saúde e uma forte tradição de regulamentação junto à Anvisa e ao Ministério da Saúde”, opina.
Outra presença de peso no evento deste ano, o médico Pedro García é ex-ministro da Saúde do Chile e vem ao ClasSaúde apresentar sua experiência com o plano AUGE, que representa um dos exercícios de definição de prioridades em saúde mais importantes já realizados na América Latina.
O plano, que significa Atenção Universal com Garantias Explícitas, foi a chave para garantir a todos os chilenos o acesso a procedimentos de alta e média complexidade que até então não estavam disponíveis para a maioria da população, especialmente os mais pobres. Sua legislação, aprovada em 2004, é conhecida como Lei de Garantias para a Saúde.
Segundo García, o sistema funciona a partir de dois componentes conceituais. “O primeiro busca garantir 100% dos direitos de acesso da população chilena, pontualidade de atendimento, qualidade dos cuidados e proteção financeira para a solução de problemas. O segundo componente é que esta lei cria uma obrigação de tornar o sistema de saúde mais eficiente”. Esse sistema de garantias passa, inclusive, pelo uso de recursos públicos e privados.
Na opinião do ex-ministro, o Brasil também precisa encontrar formas de melhor assistir as populações mais vulneráveis dentro de seu sistema de saúde. “Um país tão importante como o Brasil, que tem feito progressos significativos nos últimos anos, também precisa encontrar formas que são reconhecidas para proporcionar o acesso universal. Se a experiência do Chile puder ajudar nesta questão, que assim seja”, conclui.
Pedro García – “É sempre uma honra participar de um evento tão importante como este, em um país como o Brasil, fundamental para o cenário mundial e, em particular, para a América Latina. Sem dúvida a qualidade dos expositores e os temas das diversas mesas redondas estão no centro do debate atual da saúde. Espero que essas discussões sejam vistas por muitas pessoas, tanto as que estão diretamente relacionadas com questões da área e os serviços de saúde como os tomadores de decisões orçamentais e a população em geral”.
Kalipso Chalkidou – “Estou ansiosa para aprender mais sobre a interação entre os sistemas público e privado, com destaque para as iniciativas testadas em hospitais de grande porte na cidade de São Paulo e os planos do novo governo com relação à reforma da saúde. Mais importante ainda, o ClasSaúde é uma oportunidade para conversar com os colegas, compartilhar experiências e é um grande privilégio participar do evento”.
Fonte: FEHOESP